quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Suécia - Adolescente exagera no videogame e passa mal


Um adolescente sueco de 15 anos de idade sofreu um colapso e entrou em convulsão depois de jogar um videogame durante 24 horas seguidas em sua casa em Laholm, no sul da Suécia. No hospital, os médicos que o atenderam disseram que o colapso foi resultado de uma combinação de falta de sono, falta de alimentação adequada e tempo excessivo sob estresse, devido à sua concentração no jogo.

O garoto de 15 anos havia reunido seis amigos em sua casa no sábado para jogar a nova versão do videogame World of Warcraft, lançado recentemente. Segundo os médicos, o menino está agora fora de perigo. Mas o pai do adolescente, que já decidiu limitar os horários em que seu filho poderá jogar jogos de computador, iniciou uma campanha para alertar outros pais sobre os riscos de passar tempo demais jogando diante do computador.

O psicólogo e especialista em dependência de jogos eletrônicos, Owe Sandberg, alerta para o risco de os jovens se tornarem viciados em jogos. "É preciso ter limites", disse o psicólogo ao jornal Kvällsposten.

Segundo Sandberg, entre 30 mil e 40 mil adolescentes na Suécia se encontram atualmente sob risco de se tornarem dependentes de videogames. Um estudo sueco publicado esta semana pelo Instituto Karolinska, em colaboração com a Universidade de Upsala e a Universidade de Estocolmo, fez outro alerta sobre os riscos que podem ser provocados pelos videogames violentos.

Os pesquisadores pediram a um grupo de 19 adolescentes entre 12 e 15 anos de idade para jogar dois tipos de jogos de computador - um especificamente violento, e o outro não. Os resultados mostraram que o batimento cardíaco dos meninos que jogaram o jogo violento tornou-se irregular.

Além de observar os garotos enquanto eles jogavam os jogos, os pesquisadores também monitoraram os meninos à noite, durante o sono. Eles constataram que os batimentos cardíacos irregulares continuaram durante a noite. O estudo indica que jogar jogos violentos exerce impacto sobre o sistema nervoso dos adolescentes, afetando potencialmente seus sistemas biológicos centrais.

http://www.multirio.rj.gov.br/portal/riomidia/rm_materia_conteudo.asp?idioma=1&idMenu=3&label=Mat%E9rias&v_nome_area=Mat%E9rias&v_id_conteudo=72241

sábado, 15 de novembro de 2008

“Blogueiros” na sala de aula


O blog é uma ferramenta fácil, barata e que permite uma comunicação escrita dinâmica entre seus alunos.


Os bloggers surgiram no fim da década de 1990 e nos últimos anos tiveram crescimento acentuado. São criados, no mundo, 120 mil blogs por dia, 1,4 por segundo. O blog é o espaço pelo qual muitos adolescentes interagem, trocam informações e revelam suas aspirações e gostos pessoais. Este recurso se limita, na maioria das vezes, a um espaço alternativo de produção cultural; no entanto, existem algumas experiências de uso de blog em sala de aula que se revelaram eficientes e úteis na aprendizagem da escrita e troca de informações. Por se constituírem em um espaço de multiplicação e renovação cultural, os blogs criaram um novo léxico entre os usuários, que se apropriam de termos do inglês para criar sua própria linguagem.


Por exemplo, o dono do blog é o “blogueiro” e o texto inserido por ele é um post. A palavra foi transformada em “postar”, ou também, “postagem”, que é o ato de publicação. No entanto, os novos termos não devem assustar o professor que está interessado em levar o blog para a sala de aula; isso é o que mostra a experiência da professora Márcia Vescovi Fortunato, que vem utilizando o recurso há dois anos e tem obtido ótimos resultados. Fortunato ministra uma oficina de prática de leitura e escrita no curso de Pedagogia do Instituto Superior de Educação Vera Cruz, em São Paulo. O projeto consiste na criação de um blog por aluno. Cada estudante deve publicar suas impressões pessoais acerca de um livro ou autor. Desse modo, diversas habilidades são desenvolvidas, como o ganho de intimidade com o texto escrito e a familiarização com maiores cargas de leitura. Ana Carolina Guimarães Abrão, aluna do curso de Pedagogia, diz em seu post: “Sempre achei que iria ter muita dificuldade em escrever, mas vejo que não, o que está me aborrecendo é ter que ler tanta coisa para a faculdade. Eu gosto do que leio, mas o fato de haver prazos me atrapalha”.


“Esse exercício de escrita no blog é muito bom, acho que estou melhorando mesmo... Quem sabe tenha o mesmo processo com a leitura. Quanto mais se lê, mais se tem vontade de ler!” Para que as produções dos alunos não possam ser encontradas em ferramentas de busca, como o Google, Fortunato utiliza um recurso que impede a circulação dos blogs em “buscadores”; no entanto, isso não impede que os internautas tenham acesso aos blogs.Ferramenta para textos curtosMárcia Fortunato usa o blog, com seus alunos, como uma espécie de bloco de anotações que servirá para a confecção de um futuro trabalho. A professora acredita que seu método aumenta o interesse do aluno, pois utiliza uma ferramenta moderna e dinâmica que permite a interação entres os estudantes. A cada publicação semanal que os alunos fazem, a professora interfere, dando sugestões e demonstrando sua opinião. Além disso, os estudantes podem interagir entre si, fazendo apontamentos ou opinando sobre o que foi escrito.


Existe, também, a manutenção de um blog pela professora, que aprofunda questões discutidas em aula, além de servir como uma espécie de ponto de encontro dos blogs dos alunos. Fortunato ressalta que o blog é uma ferramenta que preza textos curtos e de fácil manipulação. Sendo assim, um trabalho que demande grandes pesquisas e textos mais elaborados não deve utilizar o recurso.


O blog pode trazer diversos benefícios para a aprendizagem, como o aumento do espírito crítico dos alunos, a melhora na produção escrita e a maior familiaridade com a leitura e interpretação de textos informativos, literários e teóricos. Porém, o ponto alto é, talvez, a criação de uma maior intimidade do aluno com aquilo que ele produz. Na medida em que a produção do estudante é algo pessoal, o blog ajuda a ressaltar esse aspecto. Ao ser questionada se seria boa idéia fazer o uso da metodologia em turmas de Ensino Fundamental e Médio, Fortunato diz que sim: “O espírito do blog é o de uma ferramenta fácil, barata e que favorece a comunicação entre os estudantes, estimulando-os por meio da criação de um espaço pessoal”. A professora conclui dizendo que a metodologia pode ser aplicada a qualquer disciplina escolar, em qualquer instituição.O blog no Ensino MédioMaria Luiza Aburre, coordenadora de Língua Portuguesa da Escola Comunitária de Campinas e autora de livros didáticos para o Ensino Médio, é uma incentivadora de projetos que envolvam tecnologia e educação. Defendendo postura semelhante à de Márcia Fortunato, Aburre acredita que a experiência feita no Instituto Vera Cruz poderia, muito bem, ser aplicada no Ensino Médio e Fundamental. “O blog é um espaço interessante para o professor de Ensino Médio que tenha como preocupações não apenas desenvolver o texto, mas fazer com que o aluno esteja informado sobre questões da atualidade. Você pode, por exemplo, propor um tema de discussão por semana e fazer com que os alunos o discutam no blog”, diz Maria Luiza.


Temas da atualidade e livros pedidos nas listas dos principais vestibulares do Brasil poderiam virar o centro de diversas discussões via internet. A única ressalva feita por Aburre é de que a criação do blog de cada aluno acarreta a exposição na internet do texto do estudante e, principalmente, sua exposição aos colegas de classe. Para isso, é oferecida uma opção: a criação de um blog para a sala inteira; deste modo, o professor poderia controlar de perto o que é produzido pelos seus alunos, mantendo a seriedade do método. Caberia ao educador criar um tópico de discussão por semana e selecionar alunos para serem redatores e mediadores das discussões decorrentes do tema. Ao final da semana, os estudantes poderiam criar um texto acerca do assunto discutido no blog e os melhores textos seriam publicados, evitando, desse modo, a exposição dos textos de todos os alunos. No entanto, Maria Luiza não recusa a idéia de Márcia, apenas diz que a criação de um blog e a subseqüente publicação de temas dependem de um compromisso e maturidade que, talvez, os alunos do Ensino Médio não tenham. Isso cabe ao professor definir.


O blog, usado como recurso didático tem muito a contribuir para o aprendizado escolar, conforme as professoras constatam. O que deve ser entendido pelo educador é que “a ferramenta mudou, mas a natureza da habilidade que precisa ser construída nos alunos, não. O professor deve ser o responsável por criar um senso crítico no aluno; assim como faz com livros, deve fazer também com a internet. Nem todos os livros são bons, nem tudo o que está presente na internet tem qualidade, mas ao contrário do que se pensa, existe muita coisa boa na rede. Por isso o professor não pode se abster desse mundo virtual”, diz Maria Luiza Aburre. O blog, ela acredita, é um bom começo para se iniciar uma aproximação com a internet e aumentar o interesse dos estudantes.

André de Oliveira

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O QUE PODE VOCÊ, PROFESSOR

O que se espera de você, professor

Alberto Tornaghi
Introdução

Meu caro colega professor, este texto é um misto de provocação e convite que lhe faço. Uma provocação de colega que acredita que podemos, mais do que isso, que precisamos, devemos, construir uma nova identidade profissional para nós. É urgente que, cada escola assuma localmente a função de definir o que e como se faz educação em seu espaço, adequando os programas à sua realidade, definindo metodologias e o projeto político pedagógico. Para isso é necessário incorporar à nossa lide a função de, em rede e de forma colaborativa, procurar, estudar propor e divulgar uma nova forma de ser para nossas escolas, fazer delas um espaço em que possamos criar e compartilhar soluções para os problemas reais que enfrentamos. Se isso traz alguma complexidade pela novidade, traz também mais prazer e poder, por certo.

Já não basta à escola de Educação Básica o papel de repetidora do que se produz fora dela, de executora de políticas, metodologias e concepções pedagógicas criadas fora dela. Cabe a nós, à escola que somos, em que trabalhamos e vivemos cotidianamente, a decisão do que fazer dentro dela. Não sozinhos, não de forma autoritária e arrogante como o professor de outros tempos que dizia “desta porta para dentro quem manda sou eu”. A provocação é para buscarmos em rede, em parceria formas de trocar o autoritarismo arrogante por autoria libertadora, autoria que resulta em conhecimento e autoridade para definir e defender o melhor projeto de escola para aquela realidade.

Aí está o convite: é para que faça parte dessa rede, que se prepare para o exercício de autoria, em parceria com colegas, alunos e os recursos que dispõe em sua escola. Vamos discutir neste texto algumas possibilidades de tornar possível a participação nessa rede e, ao mesmo tempo, fazer dela uma rede produtiva.

Uma tal de antropofagia

Oswald de Andrade, em 1928, escreve o manifesto antropofágico. Explicita ali uma concepção de fazer artístico e cultural brasileiro que os modernistas vinham experimentando, um fazer que “bebe em todas as fontes”, deglute o que vem de fora e constrói uma forma toda própria de manifestação. Sem nada negar daquilo que chega, nem de onde chega, os modernistas incorporaram essas manifestações, as transformaram e produziram novas manifestações, bem brasileiras.

Já é tempo de aprendermos com os modernistas. Faz quase um século que nos ensinaram que o fazer brasileiro não é europeu, não é indígena, nem negro: é tudo isso ao mesmo tempo. Tudo misturado, resultando em produção nova, original, diferente do que se encontrava em cada uma das culturas de origem. Muito mais do que superposição, uma criação que inclui elementos dessas diversas culturas para produzir obras de arte que são brasileiras, formas brasileiras de manifestação e representação.

Convivemos na escola com propostas metodológicas, projetos político-pedagógicos, parâmetros e diretrizes curriculares, etc. O que fazer com tudo isso? A sugestão que trago aqui é fazer como os modernistas: absorver, deglutir, saborear e usar como fundamento para uma nova criação local. O que for útil deve ser usado, o que não for adequado, pode ser descartado.

E como fazer tudo isso? Como separar o “joio do trigo”? Como separar o que é útil do que é inútil, como fazer útil o que é obrigatório? Não sei, não tenho a resposta. Na verdade, não existe a resposta. São muitas respostas, muitas possibilidades, em cada local, uma conformação diferente será a mais adequada, com certeza. Esta resposta precisa ser produzida em cada local, em cada escola, em cada momento particular.

E na escola, como fazemos?

E como chegar a essa produção? Mais uma vez a proposta é quase óbvia, como o ovo de Colombo. Em parceria com colegas dentro e fora da escola, discutindo e estudando tanto as dificuldades como as boas coisas que produzimos e conhecemos.

Os colegas da escola, que só encontramos na hora do café, é preciso encontrá-los por mais tempo e de forma organizada e produtiva, em reuniões para discussão e estudos para as quais se vai com dúvidas, dificuldades e questões em mãos. Deve-se, também, levar para esses encontros as soluções e atividades interessantes que realizamos, outras propostas curiosas e de valor que se conhece, etc.

Os colegas de fora da escola, é preciso encontrá-los nos textos, nas revistas, na Internet, em vídeos, na TV Escola e até aqui, no Salto para o Futuro.

Alguns desses ambientes e produtos, como os programas do Salto para o Futuro, são interativos, isto é, oferecem canais de comunicação entre os que eram conhecidos como assistência e os que eram conhecidos com autores ou especialistas. Veja que digo “eram conhecidos” porque, quando se cria a interação direta, interfere-se no produto e a autoria passa a ser da rede composta por todos os que tomam parte interagindo e interferindo no que se realiza.

Os programas do Salto para o Futuro, por exemplo, seriam outra coisa, muito menos interessante, se não contassem com a participação de professores das escolas. Participei de alguns em que os canais de comunicação, por algum motivo técnico, deixaram de funcionar. Eram programas muito menos interessantes do que quando os professores participavam. Nossa percepção é de que a escola havia faltado ao programa naqueles dias. Foram poucos, felizmente, mas serviram para deixar evidente que, quando a escola não aparecia lá, vivamente, o programa ficava mais insosso e menos conseqüente. Seu potencial de transformação era muito menor.

O mesmo acontece com muitos espaços na Internet. A Internet é hoje, muito mais do que um espaço de pesquisa, um espaço de produção e de colaboração. Vamos tratar, adiante, de alguns desses espaços. Antes é preciso tocar em um ponto sensível e importantíssimo: quem arca com o tempo dessas reuniões, quem deve assumir a responsabilidade por esses encontros?

Quem ganha e quem paga

Quem ganha como tudo isso, quem ganha quando professores deixam de só ensinar e estudam para ensinar? Todos e cada um.

Ganha a escola com equipe de professores em formação continuada e em equipe, o que gera relações mais sólidas e produtivas. Estarão, além disso, mais envolvidos com o projeto pedagógico na medida em que são co-autores.

Ganham os professores que, ao participarem de formação continuada e regular, passam a ter na sua escola um lugar em que também aprendem e, por isso, ensinarão ainda melhor do que já fazem. Ganham ainda o direito e o prazer de se tornarem aprendizes. Descobertas e construções intelectuais são das coisas que mais nos divertem. Serão professores que podem mais, autores em colaboração, que conquistam maior autoridade, palavra que deriva justamente de autoria. Ganham os alunos, que contam com professores ainda melhor preparados e atualizados tanto em questões pedagógicas quanto de seu conteúdo específico e conhecedores do que acontece nas outras áreas e nos trabalhos dos colegas.


Ganha o sistema de ensino, que se torna mais eficaz e pode oferecer um ensino mais adequado e contextualizado em cada local, em cada escola. Ganha, finalmente, a comunidade.

Se ganham tantos, quem deve arcar com o esforço? Todos, naturalmente. Professores devem ter direito – e isso se conquista – a tempo pago para formação no local em que trabalham, formação a ser realizada em rede, com colegas e com acesso aos recursos de que dispõe a sua escola. Estes mesmos professores precisam criar as condições para que esses encontros possam se tornar realidade, definindo horários e espaços em que possam se reunir em pequenos grupos que tenham interesses em comum. A equipe gestora da escola precisa facilitar e estimular acesso aos recursos de que dispõe a escola, como computadores, acesso à Internet, bibliotecas videotecas e afins.
Internet, um mundo de produção e colaboração

Encontramos, hoje, na Internet uma enorme gama de possibilidades, para dar suporte ao aprimoramento do que fazemos na escola. Vou-me referir a duas possibilidades apenas: o Portal do Professor (http://portaldoprofessor.mec.gov.br/), criado e mantido pela SEED/MEC e o Porta Curtas (http://www.portacurtas.com.br/index.asp) site que nos oferece algumas centenas de curtas-metragens.

Ambos são espaços em que encontramos recursos úteis para nosso trabalho e, junto a eles, análises feitas por professores, colegas nossos, com sugestões de uso dos materiais em atividades com estudantes. Mais importante ainda, são espaços em que podemos colaborar, analisando o que lá está, interagindo com quem fez as sugestões e fazendo outras, apresentando para troca, com outros educadores, o que você realiza com seus colegas e alunos em sua escola.

Comecemos pelo Portal do Professor. Lá você encontra uma enorme variedade de produtos tanto para usar com seus alunos quanto para seu estudo pessoal. Nos produtos voltados para uso com estudantes, há aqueles para serem utilizados em aulas expositivas e outros que podem ser manipulados e explorados diretamente pelos alunos em atividades investigativas ou de simulação. O Portal apresenta na sua tela inicial 6 opções (veja Ilustração 1) e, cada um deles se desdobra em outras tantas.

Vá lá, explore um pouco o acervo, convide um ou dois colegas para explorarem a muitas mãos, mostrem uns para os outros o que encontraram, escolham alguma aula proposta para modificar e usar com seus alunos. Depois, voltem ao portal para comentar sua experiência com o material que utilizaram.

Aqui começa uma experiência completamente nova para boa parte de nós professores do Ensino Básico: a troca entre pares. Isso é prática cotidiana de cientistas e pesquisadores, às vezes com disputas acirradíssimas sobre o que estudam. Esta prática leva ao refinamento do que se estuda e contribui para ampliar as possibilidades de exploração dos recursos que temos. Não estamos falando apenas do domínio do conteúdo em si, mas das diversas e variadas formas de desenvolver o trabalho pedagógico sobre cada tema.
O “Espaço da Aula” é, em minha opinião, a novidade mais interessante em se falando de Internet e de colaboração. É ali que encontramos sugestões de atividades postadas por outros professores. O portal é bem novo mas já conta com muitas aulas. É fácil encontrar algumas que sejam do seu interesse, porque elas estão classificadas de várias formas: por componente curricular, nível de ensino, tema abordado etc.

Para um mesmo conteúdo, você encontrará propostas de trabalhos por projetos, aulas expositivas, trabalhos explorando ambientes de pesquisa, atividades experimentais entre outros. Como propunha Oswald de Andrade em seu manifesto, a idéia é deglutir e saborear todas as sugestões para, a seguir, criar a sua aproveitando de cada uma, o que for mais útil à ação que estiver desenvolvendo.

Veja que, assim, você e seus colegas começam a formar uma rede de formação permanente em seu colégio, ao mesmo tempo em que passam a integrar uma rede maior, de que participam professores de todo o país. Era deste convite que falava no início do texto.

Navegue pelos outros espaços do Portal do Professor. Verá que há muito o que explorar ali, muito o que usar e muito o que contribuir. E, quando quiser interagir diretamente com outros colegas que estejam distante de você, use o espaço de interação e comunicação. Ali você encontra salas de bate-papo em que pode encontrar colegas distantes para discutir suas produções.

O Porta Curtas (http://www.portacurtas.com.br/index.asp) é um site mantido pela Petrobras com um enorme acervo. Hoje, enquanto escrevo este texto, o site informa que tem pouco mais de 4400 curtas catalogados e quase 650 que podem ser vistos na íntegra no próprio site. Destes muitos estão comentados por professores com sugestões sobre como utilizar na escola.

Há um espaço especialmente voltado para nós, educadores, é o “Curta na Escola”. Bem na página inicial há um link para este espaço.Lá se encontra o acervo de filmes que estão acompanhados de comentários de professores de escola relatando o uso que fizeram. Para outros filmes há alguns pareceres pedagógicos feitos por pedagogos convidados. Em cada um o autor do parecer discute brevemente a temática do filme sob alguma perspectiva em particular e propõe uma atividade, que chamam de “situação didática”.

O Porta Curtas é mais um espaço que nos provoca a experimentar práticas novas na escola. São atividades escolares que tanto podem ter os vídeos com elemento disparador, como provocar a realização de vídeos nas escolas usando o que é possível fazer com os computadores que lá estão.
Mas, acima de tudo, é um espaço de interação, de trocas entre professores e destes com especialistas e pesquisadores. Navegue um pouco pelo espaço, dê a si o temo de vagar um pouco pelo que há ali, tenho certeza de que vai divertir-se além de encontrar bom material para seu trabalho.

Realizando alguma atividade com o que está ali, não deixe de registrá-la e postar seu comentário no Porta Curtas. Com certeza será útil para outros professores.

Conclusão

O que se delineia para nós, professores, neste tempo de acesso irrestrito a informação, tempo em que somos bombardeados com um volume inédito de informações tanto úteis como inúteis, tanto verdadeiras como falsas, é uma nova forma de ser e de atuar profissionalmente. Não somos mais quem traz informação para nossos estudantes, os meios de informação fazem isso de forma muito mais ágil e completa. Mas nem sempre a informação é correta ou, mesmo quando correta nos chega de forma que nos seja útil.

Nosso novo papel é o de junto com nossos alunos aprender a analisar essas informações, selecionar as que podem ser úteis ao nosso trabalho e produzir conhecimento localmente. É o de aprender a transformar informação em conhecimento.

Deixamos de ser provedores de informação para sermos produtores de conhecimento. Cá para nós, dá mais trabalho, mas é muito mais divertido. Este era o convite que fazia junto com a provocação inicial: entre nessa rede e venha divertir-se conosco. E não deixe de trazer seus colegas e seus alunos junto.
Alberto Tornaghi - Professor no Departamento de Informática Educativa do Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro. Consultor na área de formação docente. Consultor da série.


domingo, 26 de outubro de 2008

A presença do audiovisual na formação de História

Por que refletir sobre este tema?

Muito se tem discutido acerca da inserção de recursos tecnológicos no ambiente escolar, fato justificável pela sua forte presença no nosso cotidiano, tornando-se necessário o uso destes recursos pela escola, trazendo mudanças significativas para a educação, aproximando-a do contexto global. Tais recursos podem favorecer o aprendizado, a construção dos processos cognitivos, apreensões e percepções do mundo, vindo dessa forma incentivar o ensino e promover a aprendizagem tanto de alunos como de professores.

Segundo Stahl (1997) os sistemas educacionais podem ser potencialmente afetados pelas tecnologias, assim como o processo de ensino-aprendizagem, as habilidades de pensamento e os papéis de professores e alunos. Embora a tecnologia seja um elemento bastante expressivo da cultura atual, ela precisa ser devidamente compreendida em termos das implicações do seu uso no processo de ensino e aprendizagem. Esta compreensão é que permite ao professor integrá-la à prática pedagógica, sabendo que ela não resolve todos os problemas da educação, uma vez que a sua inclusão não significa necessariamente mudança. Apenas incluir a tecnologia na escola não significa que haverá aprendizagem. É a mediação pedagógica do professor que efetiva a construção do conhecimento, com o uso da tecnologia, ou não.

Diante de uma realidade tão complexa, esta pesquisa, inserida na moderna sociedade tecnológica, propôs-se o desenvolvimento de um estudo sobre o uso da televisão e do vídeo em cursos de formação de professores de História, ou seja, investigar se os professores desses cursos oferecem aos seus alunos, futuros professores, oportunidade de alfabetização tecnológica (Sampaio e Leite, 2003) em relação à televisão e ao vídeo.

Para atingir este objetivo, buscamos responder as seguintes questões de estudo:

1- Qual o papel pedagógico da TV e do vídeo na sociedade atual?

2- Como se dá o processo de alfabetização tecnológica do professor quanto à TV e vídeo em cursos de formação de professores?

3- Como os professores desses cursos utilizam a TV e o vídeo nas suas práticas pedagógicas?

4- Como os alunos desses cursos (futuros professores) percebem o seu processo de alfabetização tecnológica em relação à televisão e ao vídeo?

Pelo que foi exposto, na sociedade atual, torna-se necessário refletir sobre o domínio das tecnologias e seus usos na escola como integrantes da formação inicial do professor, garantindo uma base de conhecimentos para a sua atuação na sala de aula. Mais uma vez a televisão e o vídeo podem apresentar uma possibilidade pedagógica relevante neste contexto.

A formação do professor para o uso das novas tecnologias

Os professores precisam atuar sobre as gerações que se formam de maneira significativa e crítica. Para que tal fato se concretize Belloni (1998) aponta para as seguintes necessidades: em primeiro lugar redefinir o papel do educador, a complexidade de suas tarefas exige uma formação inicial e continuada totalmente nova. Como formar o professor que a escola atual exige? A redefinição do papel do professor relaciona-se diretamente com a sua formação. Em segundo lugar encontra-se a comunicação, que é o meio através do qual os seres humanos constroem o seu saber, principalmente a sua cultura.

A autora chama a atenção para a necessidade de reflexões sobre a inter-relação da educação com a comunicação, e que se complexificam com a entrada das tecnologias.
Para que o uso da tecnologia se concretize na escola se faz necessário uma alfabetização tecnológica. Da leitura de Sampaio e Leite (2003) emerge um conceito de alfabetização tecnológica que é dinâmico, capaz de acompanhar o ritmo do desenvolvimento tecnológico e a mutabilidade do mundo em que vivemos. Segundo as autoras este uso envolve o domínio contínuo e crescente das tecnologias que estão na escola e na sociedade, mediante o relacionamento crítico com elas. Este domínio se traduz em uma percepção do papel das tecnologias na organização do mundo atual – no que se refere aos aspectos locais e globais - e na capacidade do/a professor/a em lidar com essas diversas tecnologias, interpretando sua linguagem e criando novas formas de expressão, além de distinguir como, quando e por que são importantes e devem ser utilizadas no processo educativo (p.100).
Num contexto mais amplo, esta alfabetização já faz parte da educação geral do indivíduo e a escola intervém formando o sujeito reflexivo, capaz de avaliar a validade ou não da tecnologia; envolve o aproveitamento das novas habilidades mentais desenvolvidas pelas crianças através de uma abordagem multimídica, cuja linguagem ao ser incorporada possibilita que a escola diminua a distância entre ela e os jovens; indica que há necessidade de trabalhar criticamente as informações e os valores que são transmitidos pelas tecnologias.A tecnologia deve ser usada para uma ação transformadora da sala de aula: o professor deve utilizá-la criticamente em situações criadas a partir da realidade do aluno, praticando novas propostas pedagógicas na construção do conhecimento, visando atuação crítica e reflexiva do aluno sobre a realidade.
Pensando a TV e o vídeo na construção do conhecimento
Sendo a sociedade contemporânea caracterizada pela multiplicidade de linguagens e pela forte influência dos meios, mediadores entre a realidade e as pessoas, não se justifica mais que a educação se limite a alfabetizar para o uso da palavra escrita, esquecendo-se da educação para a leitura da imagem, sendo que ambos são instrumentos de comunicação importantes. As linguagens do cinema, da TV e do vídeo são desdobramentos de formas de olhar e registrar, fazendo-se necessário uma leitura crítica desses meios de comunicação.
Para Belloni (2001), dentre as mídias, a televisão apresenta-se como uma presença constante e aparentemente gratificante para os jovens, o que confirma o seu importante papel como socializadora das novas gerações, constituindo-se num poderoso fator de reprodução social e num mecanismo eficaz de controle. A autora aponta a televisão como transmissora do saber acumulado e de informações sobre a atualidade, representações do mundo e regras de integração social. As crianças se apropriam e reelaboram essas significações “a partir de suas experiências e integram-se ao mundo vivido no decorrer de novas experiências” (p. 34). Destaca o vídeo como “a mídia mais freqüentada e que transformou a vida cotidiana de muitos povos e certamente o imaginário infanto-juvenil em escala planetária” (p. 18).
Diante deste amplo leque de novas configurações trazidas pela TV e pelo vídeo que se refletem na sala de aula, destaca-se o papel do professor, como aquele que deve introduzir, segundo Belloni (2001, p. 18) tanto “questões éticas (conteúdos e mensagens) quanto aspectos estéticos (imagens, linguagens, modos de percepção, pensamento e expressão)” realçando-se a necessidade de alfabetização tecnológica, neste caso, para uso específico de televisão e do vídeo. Percebemos, assim a necessidade de incluir a alfabetização tecnológica do professor na formação de professores e na formação continuada, sendo extensiva aos alunos e demais profissionais da educação. Em síntese, o professor é um elemento ativo na prática educativa, cuja dinâmica poderá integrar e interligar a escola à realidade dos alunos.
A realização da pesquisa
Devido a significância social dos cursos de formação de professores e a importância da introdução do vídeo/televisão na prática pedagógica dos professores para que os seus alunos, futuros professores, também sejam capazes de fazer o mesmo em suas salas de aula realizando uma prática pedagógica condizente com a sociedade moderna, escolheu-se o curso de História de três universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro para o desenvolvimento desta pesquisa e que possuem licenciatura em História. Duas são federais e uma estadual e estão localizadas na área metropolitana do estado do Rio de Janeiro, a saber: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Federal Fluminense e Universidade Federal Rio de Janeiro (unidade de São Gonçalo).
O questionário foi aplicado aos alunos e as entrevistas a quatro professores de prática de ensino das universidades pesquisadas. Os 50 alunos escolhidos estão matriculados no curso de História no ano de 2004, e cursando as disciplinas pedagógicas. Teoricamente estariam em melhores condições para responder às questões da pesquisa, por possuir maior vivência com os recursos tecnológicos da televisão e do vídeo no desenvolvimento do seu curso do que os alunos dos períodos iniciais.
Revelações da pesquisa
Entre as principais conclusões podemos confirmar que há uma forte presença dos meios de comunicação, principalmente da televisão no cotidiano das pessoas. Este fato justifica que estas mídias sejam integradas ao processo pedagógico e também, porque são formadoras de sentidos, transmitindo valores, ideologias e representações das classes dominantes, através de conteúdos que precisam ser estudados e analisados. Assim, a História se apresenta como uma disciplina capaz de inserir no seu currículo a televisão e o vídeo trabalhados nesta perspectiva; e estes aspectos se fazem presentes nas falas dos alunos, conforme revelado nos dados analisados.
Para que as tecnologias possam ser integradas ao ambiente escolar, há necessidade de que o professor se sinta seguro, dominando aspectos técnicos, didáticos e pedagógicos da educação, fazendo uma apropriação crítica das mesmas, pois as tecnologias não são neutras, alteram a forma como pensamos, desenvolvem novas capacidades cognitivas e perceptivas. A análise dos dados indicou que habilitar o licenciando para o uso da televisão e do vídeo não faz parte do currículo de História (grade curricular), mas se faz presente, mesmo que de maneira dispersa, da prática dos professores de sala de aula. Constatou-se que os professores da graduação revelaram uma preocupação em desenvolver um uso crítico destas tecnologias, embora não seja um tema incluído no currículo de prática de ensino.
Do ponto de vista dos alunos da graduação, ou seja, como os licenciandos percebem o seu processo de alfabetização tecnológica em relação a estas duas mídias, constatou-se que quase todos os alunos participantes revelaram que se sentem relativamente seguros em relação a sua alfabetização tecnológica, pois na sua quase totalidade, farão uso da televisão e do vídeo em suas futuras práticas pedagógicas.
Os licenciados indicaram que não há necessidade de incluir uma disciplina obrigatória para ensinar o uso da televisão e do vídeo, mas recomenda-se uma disciplina específica e optativa que trabalhe com os professores a utilização dos diferentes recursos tecnológicos nas suas futuras aulas.
A pesquisa revelou que as mídias são utilizadas predominantemente como ferramentas, havendo necessidade de uma educação para as mídias, principalmente no que se refere ao uso de programas de televisão. A leitura crítica refere-se predominantemente aos filmes. Recomenda-se que a leitura ideológica de programas de televisão, noticiários, novelas e propagandas também deveriam ser incluídos nestas leituras críticas, assim como a compreensão dos objetivos em relação ao consumo e a maneira como a persuasão funciona nas mensagens publicitárias.
Na formação para a cidadania, estaria incluída a melhoria da qualificação dos alunos e dos professores como telespectadores capacitados para a leitura audiovisual. Na busca deste caminho, procurou-se, neste estudo, reflexões para que o uso pedagógico da televisão e do vídeo nos cursos de formação de professores pudesse contribuir para se repensar o ensino, principalmente o de História, tornando mais significativos para os alunos a aprendizagem de seus conteúdos. Conclui-se, então, que o professor é o intelectual transformador, conscietizador e crítico da sociedade e que a escola deve desenvolver a leitura ideológica propiciada pela TV como exercício para a construção da autonomia e da cidadania, como forma de neutralizar a conformidade, a esterilidade e a banalidade destes tempos pós-modernos.
Referências bibliográficas
BELONI, Maria Luiza. Tecnologia e formação de professores: Rumo a uma pedagogia pós-moderna? In: Revista Educação e Sociedade. Ano XIX/dezembro/1998, nº 65 CEDES, p. 143 162.
________________. O que é mídia-educação. Campinas, SP: Autores Associados, 2001.
SAMPAIO, Marisa Narciso; Leite, Lígia Silva. Alfabetização tecnológica do professor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. STAHL, M. Formação de professores para uso das novas tecnologias de comunicação e informação. In: CANDAU, V.M. (Org). Magistério: construção cotidiana. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. p. 292-317
Maria de Fátima Caridade da SilvaMestre em Educação pela Universidade Católica de Petrópolis.

domingo, 12 de outubro de 2008

O 15 de outubro e suas transformações

O Dia do Professor foi festejado pela primeira vez em 15 de outubro de 1933, com missa e sessão cívica no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. A iniciativa partiu da Associação dos Professores Católicos do Distrito Federal (APC-DF) e chamou-se Dia do Primeiro Mestre. A idéia veio do presidente da Associação, Everardo Backheuser, com objetivo de dar às pessoas ocasião para que demonstrassem sua gratidão ao seu primeiro professor ou professora.
Homenagem – Com o passar dos anos, a comemoração se difundiu e ganhou novos significados, sem que se perdesse seu sentido original de homenagem. E tornou-se também assunto de polêmicas na imprensa e de disputas políticas num Brasil cada vez mais urbano e industrializado.
Primeira lei – O dia 15 de outubro foi escolhido porque nessa data, em 1827, o imperador D. Pedro I assinou a primeira lei sobre ensino primário no país. O decreto imperial regulamentava a distribuição das unidades escolares, o salário dos mestres, a forma de ingresso no magistério e as disciplinas a serem ensinadas a meninos e meninas. No mesmo dia, foram designados os vigários para as paróquias existentes em todo o país, o que foi um marco importante também para a Igreja Católica.
Novos anseios – Cem anos depois, a educação brasileira passava por um grande questionamento, em que se contrapunham aqueles que defendiam a primazia da Igreja Católica na condução da tarefa de educar e os que queriam uma escola primária laica e universal, moderna e mais próxima dos ideais republicanos.
Reforma – Em 1927, o então Diretor Geral de Educação do Distrito Federal era o mineiro Fernando de Azevedo. Ele aproveitou as comemorações do centenário da primeira lei e as conseqüentes discussões sobre a importância da data para propor e dar início a uma grande reforma do sistema educacional do Rio de Janeiro, já nos moldes da educação nova. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, de que Azevedo foi um dos formuladores e primeiro signatário, reforçou o movimento.
Difusão – Foi nesse contexto que, em 1933, a APC-DF conclamou a população e o magistério católico a homenagearem os velhos mestres em todo o país. No artigo Celebração e visibilidade: o Dia do Professor e diferentes imagens da profissão docente no Brasil (1933-63), publicado na Revista Brasileira de História da Educação (São Paulo, volume 8, dez., 2004), a professora e pesquisadora Paula Perin Vicentini, da Universidade de São Paulo (USP), relata que a idéia encontrou eco principalmente em São Paulo, onde o Centro de Cultura Intelectual promoveu uma série de atividades e ajudou a divulgar a iniciativa.
A padroeira – O mesmo fez a Liga do Professorado Católico de São Paulo, que já festejava em 15 de outubro a patrona da entidade – Santa Teresa D´Ávila. Proclamada “doutora da Igreja” em 1970, a santa já tinha sido designada como a “padroeira do magistério” em 1949. “Creio que a iniciativa de comemorar o Dia do Professor em 15 de outubro pode ser entendida como estratégia utilizada pelos educadores católicos para ampliar ou fortalecer sua influência junto aos professores, cuja importância na disseminação dos ideais católicos era bastante considerada”, disse Paula Vicentini ao PORTAL MULTIRIO.
Comissão – Ainda em São Paulo, foi criada, nos anos 40, uma comissão pró-oficialização do Dia do Professor. A esse movimento aderiram entidades de classe como o Sindicato do Ensino Primário e Secundário, a Associação dos Professores do Ensino Secundário e Normal Oficial do Estado de São Paulo (Apesnoesp) e a União Paulista de Educação (UPE).
Oficialização – A comissão conseguiu, em 1948, que o 15 de outubro fosse declarado feriado escolar estadual pelo governador Adhemar de Barros. A partir de então, a imprensa começou a noticiar as solenidades realizadas por diversas unidades escolares, ginásios e escolas normais. O Estado, por sua vez, deu maior ou menor ênfase à celebração nos anos seguintes, de acordo com a relação que se estabeleceu entre ela e as lutas da categoria por melhores salários, condições de trabalho e maior prestígio social.
Imprensa – Paula Vicentini considera que a cobertura da grande imprensa às comemorações do Dia do Professor, tanto em forma de noticiário quanto em comentários, contribuiu para a incorporação da data ao imaginário coletivo. Mas o engajamento e o enfoque dado a essa cobertura por cada veículo é revelador das relações entre o campo educacional e o jornalístico. Se, por um lado, havia o alinhamento de alguns jornais com as posições dos patrões ou do Estado, por outro as entidades de classe tinham também sua influência, e o professorado aparecia como um segmento potencial de leitores que era interessante atrair e manter.
Polêmica – No Rio de Janeiro, então Distrito Federal, o feriado do Dia do Professor, noticiado pela primeira vez em 1951, encontrou resistência por parte dos donos de escolas privadas. A polêmica se refletiu na imprensa. Enquanto O Globo questionava, na primeira página de 15/10/1951, que se tinha menos um dia de trabalho no calendário escolar – “estuda-se seis meses no Brasil e paga-se um ano inteiro” –, o Correio da Manhã criticava, em 1953, o não cumprimento da lei que decretava o feriado por parte das instituições privadas de ensino.
Sacerdócio – Vale notar que o jornal carioca Última Hora, em 1951, promoveu, por ocasião da data, a eleição do Patrono do Professorado Carioca, entre vultos importantes ligados à educação e já falecidos. Na disputa estavam nomes como Rui Barbosa, D. Pedro II, Abílio Cesar Borges, Ernani Cardoso e Benjamin Constant. Mas o vencedor foi o padre José de Anchieta. De acordo com Paula Vicentini, “a vitória de Anchieta evidencia o predomínio de uma concepção sacerdotal da docência, em que sacrifício, abnegação e dedicação se associavam na descrição de um mestre exemplar”.
Reivindicações – Nos anos 30 e 40, as comemorações do Dia do Professor quase sempre se limitavam a exaltar a abnegação e dedicação desses profissionais no cumprimento de sua “nobre missão”. Porém, a partir do final dos anos 50, sem perder seu lado afetivo de homenagem, o Dia do Professor ganhou também um caráter de protesto e reivindicação do magistério por melhores remunerações e condições de ensino. Em São Paulo, instaurou-se “entre o Estado e as associações docentes uma disputa para apropriar-se da comemoração e atribuir-lhe diferentes sentidos, tanto para o movimento docente quanto para a imagem social dos professores”, escreve a autora.
Jango x Lacerda – Na capital do país, a disputa maior continuava a ser com as escolas particulares. Em 1963, os diretores dessas instituições, apoiados por Flexa Ribeiro, secretário de Educação do governador Carlos Lacerda, ameaçaram obrigar os professores a trabalhar no 15 de outubro em represália às reivindicações salariais. Mas a estratégia foi neutralizada pelo decreto do presidente da República, João Goulart – opositor de Lacerda – transformando o Dia do Professor em feriado nacional da categoria.
Esvaziamento – A comemoração do 15 de outubro é, hoje, feita nas escolas, principalmente, nas de Educação Infantil e nas das primeiras séries do Ensino Fundamental. Para Vicentini, são necessários novos estudos para identificar os significados que permanecem associados a esse tipo de iniciativa e também os novos sentidos atribuídos a ela. Mas a pesquisadora percebe que a data tem sofrido “um processo de esvaziamento nas últimas décadas”, com poucas menções na imprensa e na mídia em geral.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Celulares em sala de aula


Cresce o número de alunos e alunas, que colocam em suas mochilas de material escolar a telefonia móvel. Essa nova tecnologia aparece não mais apenas como um meio de comunicação entre as pessoas, mas também como uma nova forma de escrita: os torpedos.

Com o uso do aparelho celular, algumas práticas da cultura escolar se matem viva ou mais forte e outras passam a surgir e se incorporam às nossas identidades. Parece fazer ocorrer, como é o caso de proibição do uso desse aparelho nas escolas, a delimitação do que pode e do que não pode estar na escola. Pode, ainda, trazer a natureza do cuidado redobrado por parte dos educadores, a fim de delimitar claramente o sentido da ética.

Na chamada era da informação do conhecimento, garantir o acesso, o uso ético da população às novas linguagens culturais que vão invadindo a escola e se tornam ferramentas essenciais ao desenvolvimento humano dos chamados “incluídos digitais”, encontra-se ainda como desafio no cotidiano da sala de aula das escolas. No entanto, não podemos ignorar a rapidez com que esses aparelhos estão chegando às escolas.

Buscando uma nova epistemologia da visão e da ação que transforme o nosso olhar fixo e opaco para o novo que saltita aos nossos olhos, parece precisar que olhemos para nossos pés. Com o desequilíbrio encontraremos caminhos. Um deles foi à elaboração de torpedos com mensagens de menor consumo de energia. Além do sujeito ou pessoa que possui ou não o celular experimentar a diversidade da escrita, cada um dos alunos também pode experimentar e estar envolvido com possibilidades de tornar o mundo mais belo.

Entre tantas discussões sobre as respostas que devemos dar, como educadores, às transformações culturais e sociais as tantas informações e conhecimentos de mundo trazidos por nossos alunos nos perguntamos: ainda faz sentido falar de ética nas escolas? A resposta a essa pergunta é sim.

Sem limites éticos na escola, o seu fazer pode ficar esquecido colocando como prioridade a ambição individualista, o desejo de poder, a busca desenfreada pelos bens materiais ou mesmo pela própria tecnologia. E com isso a visão humanística, o pensamento pluralista, a participação criativa ficam relegadas a planos que não facilitam a busca da tão sonhada solidariedade. É nessa perspectiva que falar de ética ainda faz sentido como um subsídio a mais para o cumprimento diário e concreto da missão e compromisso da educação. Assim, o uso do conhecimento não estará a serviço de poucos em detrimento dos muitos que se encontram a margem do que se produz com o conhecimento.

Afinal, se o celular a cada “TIM” deseja um “OI” o que é “CLARO” exige de seu usuário uma resposta de que está “VIVO”, não podemos deixar de entender que ele pode ser um bom instrumento de/para a discussão dos usos e fabricações éticas no/do cotidiano das escolas. Desse modo, parece que o provérbio popular colocado no início desse texto é um bom argumento para dialogarmos com as novas mídias que estão invadindo o cotidiano das salas de aula.

Castellano Fernandes Monteiro
http://pt.shvoong.com/humanities/1738763-celulares-em-sala-aula/. Acesso em 30/09/2008

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Internet tem sido aliada e não concorrente dos jornais

A queda contínua do preço dos computadores e do acesso à Internet, assim como a expansão do crédito para as camadas mais populares são, segundo os especialistas, fatores decisivos para o aumento contínuo do número de pessoas conectadas à rede no Brasil. Levantamento do Ibope/NetRatings mostra que a quantidade de brasileiros com acesso residencial à web passa dos 35 milhões. O país tem a população que fica mais tempo conectada (cerca de 23 horas/mês) no mundo, com três horas/mês à frente da Alemanha, o segundo colocado.
Diante desses números e do fato de que a Internet consolida-se cada vez mais enquanto veículo de comunicação, muita gente pensa ou diz que ela está suplantando os veículos convencionais, como o jornal impresso, por exemplo, que estaria às vésperas de se tornar obsoleto. O 7º Congresso Brasileiro de Jornais, acontecido em agosto de 2008 em São Paulo (SP), revelou que isso está longe de ser verdade.
O mercado brasileiro de publicações periódicas - não só os jornais, mas também as revistas - está passando por um momento de expansão. No primeiro semestre de 2008, por exemplo, os jornais obtiveram o melhor resultado em termos de faturamento publicitário dos últimos oito anos, atingindo um total de R$ 1,6 bilhão. A cifra ganha ainda mais relevância quando se considera que os jornais são a segunda maior fatia do bolo publicitário nacional, com participação de 17,3%.

Perspectivas de expansão
Há 3 mil títulos de jornal em todo o país, dos quais 500 são diários (por título, entende-se o nome do periódico, como "Folha de S. Paulo" ou "O Globo", por exemplo). As perspectivas são de que esses números aumentem, acompanhando as projeções de crescimento do país que, para as expectativas moderadas, deve seguir uma média de 3,4% ao ano. A tendência é ampliar tiragens, conquistando os leitores jovens da nova classe média que está se formando no Brasil.
Em vez de atrapalhar, a Internet tem se mostrado uma aliada do jornal impresso. Os grandes grupos de comunicação tem consolidado a audiência no mundo on-line, competindo com os maiores portais ou ainda atuando em parceria com eles. Se as novas mídias mudam a maneira pela qual as pessoas consomem notícias, os veículos têm de se adaptar, tornando-se multimídia.
Um exemplo significativo dessa tendência ocorreu durante as Olimpíadas de Pequim. De um modo geral, os grandes jornais cobriram os eventos em tempo real através da rede, registrando sumariamente os fatos principais e reservando os cadernos de suas edições impressas para informações mais detalhadas, comentários e análises.

Formato físico e palpável
Aliás, as análises das notícias constituem um dos principais atrativos dos jornais impressos, conforme revelou no 7º. Congresso, um estudo realizado pela empresa de pesquisa Ipsos-Marplan. De acordo com os dados do levantamento, o jornal atrai os leitores pela profundidade das informações e pela análise dos assuntos do dia-a-dia, bem como pelo texto de profissionais renomados, que aportam credibilidade ao veículo. Mas é interessante constatar que o formato físico e palpável do jornal ainda é apontado como um de seus grandes atrativos.

A presidente da Associação Nacional de Jornais, Judith Brito, diretora superintendente do Grupo Folha, declarou que os jornais brasileiros devem "usufruir do crescimento presente, enquanto se prepara para cenários futuros, que incluem a consolidação dos negócios na Internet". Para ela, os desafios dos jornais impressos nos próximos anos são: "prosseguir no crescimento da circulação, aumentar a participação no bolo publicitário e tornar o jornalismo na Internet uma operação sustentável".

No âmbito das revistas, uma pesquisa da Associação Nacional das Editoras de Publicações revelou que o mercado passa por um processo de segmentação, isto é, do avanço das publicações destinadas a públicos específicos. O setor vai bem e conta com cerca de mil editoras responsáveis pela publicação de 2,6 mil títulos, com tiragem anual de 1,3 bilhão de exemplares.

*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação. olivieri@pagina3ped.com

http://educacao.uol.com.br/atualidades/imprensa-escrita-jornal.jhtm. Acesso em 08/09/2008.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

COMO FAZER UM DOCUMENTÁRIO NA ESCOLA

O processo de produção de um documentário mobiliza diferentes capacidades e cria uma relação participativa e horizontal entre estudante/professor, que destituem as relações clássicas, e mostra a importância de um trabalho participativo, horizontal e em equipe. São diferentes dinâmicas e oportunidades de construção do conhecimento:

Na escolha do tema/personagens/abordagens, em que é necessário um exercício “brainstorm”, em que o grupo traz questões do cotidiano, personagens locais e próximos, assuntos difíceis de serem abordados em sala de aula, desejos singulares, começa-se a construir um projeto partilhado.

Na pesquisa, que trará o conhecimento já consolidado, existente, prévio, sobre um determinado tema ou se descobrirá que ele existe apenas na forma “oral” ou mesmo não tem muitas referências.

Outra fase importante é a familiarização com os equipamentos e técnicas: como usar a câmera, o microfone, a iluminação, como “conversar” ou “entrevistar”, como abordar e apresentar o trabalho aos participantes, personagens, etc. Nessa fase é fundamental ficar atento para não repetir simplesmente as linguagens já conhecidas, não “imitar” apenas, a linguagem da TV, buscar outras referências na própria história dos documentários e do audiovisual, incorporando também o conhecimento de cada um como “espectador”.

Na realização do documentário, em que a idéia inicial pode se mostrar “distorcida” ou “muito parcial”, acrescentando-se outros olhares, falas e pontos de vistas diferentes do inicial, que podem, inclusive, transformar o propósito do documentário ou mesmo abandonar a proposta que lhe deu origem.

Na edição, é importante conhecer as diferentes formas de “montar”, selecionar o material filmado. O que vale a pena “deixar”? O documentário pode mudar totalmente na fase da edição/montagem ou seguir o planejado.

Em todas as fases, é preciso interação, participação, troca, lidar com conflitos, sair do lugar clássico do aluno que recebe conhecimento pronto e aprender, menos que solucionar e dar resposta, a construir um campo, a formular um problema.
Autora: Ivana Bentes é Diretora e professora da Escola de Comunicação da UFRJ. Ensaísta, pesquisadora na área de comunicação e cultura com ênfase nas questões relativas ao papel da comunicação, da produção audiovisual e das novas tecnologias na cultura contemporânea. Curadora e apresentadora de TV. Consultora desta série.
Tema: Debate: Cinema documentário e educação

domingo, 31 de agosto de 2008

O papel social da televisão

Por Juliana Sartore


Uma visão da programação de qualidade na TV como direito assegurado pela Constituição aos cidadãos brasileiros foi apresentada no painel sobre direitos das crianças e dos adolescentes, que abriu os debates do segundo dia (28/08) do 4º Encontro Internacional RIO MÍDIA. Domingos Savio Dresh da Silveira, procurador regional da República do Rio Grande do Sul, e o colunista da Folha de S. Paulo, Daniel Castro, partilharam com o público a discussão sobre a qualidade dos programas exibidos ao público infantil nas redes aberta e fechada da televisão brasileira.
“Não estamos aqui falando de regras de boas maneiras. Cada um neste país tem o direito a uma programação de qualidade, porque esta é a função social das empresas de televisão prevista em artigos da Constituição”, enfatizou Domingos da Silveira.

O procurador ressaltou os artigos da Constituição brasileira que tratam dos princípios da produção e da programação das emissoras de rádio e televisão, entre eles a preferência às finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, pouco respeitada pelos programas veiculados. A falta de uma programação que cumpra as garantias dadas ao cidadão na Carta Maior gera, segundo Silveira, um risco social menos visível e, por isso, difícil de ser combatido.
Citando Pierre Bourdieu, o procurador lembrou que a televisão tem a particularidade de produzir o efeito do real e, assim, torna-se um instrumento de criação da realidade. “Há mais TVs no Brasil do que fogões e geladeiras, segundo a Amostra Nacional por Domicílio realizada pelo IBGE. Portanto, a TV tem caráter onipresente e é mediadora da existência social. A utilização indevida dessa concessão tem um efeito nefasto na sociedade. As televisões produzem muito 'telelixo', que promove a destruição de valores concretos, como programas que pregam a homofobia como humor. As crianças reproduzem, sem consciência, esse conjunto inesgotável de preconceitos. Há ou não aí um processo de destruição da infância?”, questionou Silveira.

Para discutir a qualidade do que é produzido e veiculado na TV, o colunista Daniel Castro traçou uma relação com o que ocorre hoje com a audiência de programas infanto-juvenis. A programação para crianças e adolescentes na TV aberta é bastante inexpressiva, em números de horas, na grade diária das emissoras, principalmente, se comparada à dos anos 80. De acordo com a análise, os canais que dedicam mais espaço a esse tipo de programas exibem muitas atrações importadas ou são emissoras públicas, sem dependência de verbas publicitárias. Relacionando programação e publicidade, Castro demonstrou um dos nós da TV aberta.

“Hoje, há uma tendência da TV aberta a ter menos programação infantil, devido à queda do investimento publicitário. Iniciativas como a proibição de propaganda nos intervalos de programas infantis levarão o gênero à extinção na rede aberta”, disse o colunista, que considera a proibição um equívoco, já que crianças costumam assistir com freqüência a programas voltados a adultos.

Segundo Castro, dados do Ibope sobre a TV aberta revelam que, em junho deste ano, os programas mais vistos por crianças de 4 a 11 anos no Brasil foram duas novelas, seguidas dos jogos de futebol às quartas-feiras. Apenas na quarta posição aparece um desenho infantil. Outros dados apresentados pelo palestrante dão conta de que crianças e adolescentes de 4 a 11 anos assistiram, em média, a quatro horas e 50 minutos de programação na TV aberta por dia em 2006. Diante do declínio de programas adequados às necessidades da faixa etária, a informação preocupa. “Hoje, há emissoras que não dedicam nem um minuto à programação infantil”, salientou.

O resultado da inadequação são crianças expostas a informações de forma precoce, sem uma produção que estimule e enriqueça seu desenvolvimento. Mas a realidade empobrecida da mídia para crianças e adolescentes ainda pode ser modificada. Neste sentido, o procurador Domingos da Silveira destacou a atuação do professor e de cada cidadão.

“A mídia nos coloca que o único tipo de controle possível é o controle remoto. Não está gostando, então muda de canal. Isso não é verdade. Existem instrumentos para superar esse quadro, como a atuação dos conselhos tutelares e a classificação indicativa. Este é o primeiro passo democrático para que as famílias possam decidir sobre a programação com base em uma informação prévia. Nós, cidadãos, podemos reclamar sobre programas inadequados ao Ministério Público. O professor, por sua vez, tem o papel de criar cidadãos televisivos, com uma atitude mais crítica diante da TV. Não é natural termos a televisão que temos. E isso pode ser mudado”, concluiu Silveira.

Os desafios de ser professor no século XXI


Por Fábio Aranha
O que é ser professor no século XXI? Essa é uma pergunta para a qual não há resposta fácil. Mas uma coisa é certa, o nosso tempo, caracterizado por mudanças constantes e velozes, traz desafios para o professor e o estimula a repensar continuamente sua prática. Esta foi a tônica das palestras realizadas na segunda mesa-redonda do segundo dia de debate do 4º Encontro Internacional RIO MÍDIA.

Para Ana Smolka, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), há um intenso debate que envolve uma diversidade de argumentos e de pontos de vista de como ver a interlocução do professor. Mas algumas questões são preponderantes, como as dimensões da produção de conhecimento, as suas condições de trabalho e vida, além das contradições de sua experiência individual, social e histórica.

Smolka diz que a rapidez das mudanças, no mundo de hoje, é quase sufocante e é preciso descobrir como lidar com o acúmulo de conhecimento. O professor do século XXI tem incorporada toda a produção intelectual dos séculos passados e seu desafio é se formar e transformar sua prática constantemente, levando em conta as produções culturais e históricas atuais. Para ela, é preciso debater qual é o papel do professor na relação de ensino. “É importante pensar em como fazer a formação de professores diante destas questões que estão colocadas”, comentou.

A professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Wania Clemente, acredita que o professor do século XXI está enraizado no presente dinâmico e no processo de constituição de conhecimentos e valores éticos, estéticos e políticos que emergem na realização da prática educativa, presencial ou à distância, a partir de interações recorrentes com o meio. Em sua opinião, o contexto midiatizado do século XXI impõe desafios aos educadores. “É preciso estar atento para refutar as visões simplistas que opõem as múltiplas linguagens à realidade escolar. Também se faz necessário estender e inventar a prática educativa, compreendendo o cruzamento e a aproximação de três vetores: tempo, espaço e velocidade. Por último, é preciso promover mudanças estruturais de ação-reação-ação”, ressaltou.

Neste contexto, afirmou, os diferentes setores da sociedade também têm responsabilidades, como mobilizar o poder público a promover ações concretas, ou seja, políticas públicas, tornando-se co-responsável. Também lhes cabe denunciar formas de controle, que utilizem as tecnologias para concentrar poder e conter a criatividade e a inventividade.

Para Wania, os professores deveriam ser estimulados a explorar as possibilidades de perturbação, transgressão e subversão das identidades existentes. “É preciso estimular, em matéria de identidade, o impensado e o arriscado, o inexplorado e o ambíguo, em vez do consensual e do assegurado, do conhecido e do assentado. Favorecer, enfim, toda experimentação que torne difícil o retorno do ‘eu’ e do ‘nós’ ao idêntico”, finalizou.

A diretora do Departamento de Mídia e Educação da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Simone Monteiro, mostrou o resultado de uma pesquisa feita na rede de ensino do município sobre o que é ser professor no século XXI. Dos 201 entrevistados, 74% afirmaram que é um desafio e que é preciso estar aberto ao novo e ressignificar sempre a prática. Cinqüenta por cento afirmaram que ser professor neste século é saber lidar com as novas tecnologias, mídias e as diferentes linguagens do mundo atual. O lado humano da prática docente também foi lembrado pelos pesquisados. Dez por cento disseram que é pensar no aluno, estar conectado com ele. Outros 9% disseram que é compreender o tempo atual e se relacionar com ele. Mais 3,5% comentaram que é gostar de contato com o ser humano, com as pessoas. Por último, 3% afirmaram que é preciso ter poderes sobrenaturais para lidar com as dificuldades de ser professor nos tempos atuais.

Simone ressaltou que o presente século traz questões que demandam novas atitudes por parte do docente. “A pesquisa mostra uma preocupação do professor em ser plural, dialogar com o novo, estar aberto às novas tecnologias e linguagens, mas sem perder as suas raízes, seus valores, sua vivência. Temos que pensar quais são nossos desafios frente à velocidade, às novas tecnologias, à fragmentação e à turbulência", finalizou.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Pela primeira vez mais da metade da população já teve acesso ao computador

Os dados da mais recente Pesquisa TIC Domicílios 2007 mostram avanços significativos no acesso ao computador e à Internet no Brasil e indicam que estão no caminho certo as políticas públicas desenvolvidas para inserção dos cidadãos brasileiros na sociedade da informação. Os números revelam o crescimento da banda larga nos domicílios e do número de internautas, bem como o aumento das aquisições domiciliares de computadores e a expansão do seu uso.
Hoje, mais de 50% dos domicílios com acesso à Internet possui banda larga, um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Um percentual de 42% deles, no entanto, ainda se conectam à rede principalmente por modem via acesso discado e a pesquisa permite verificar que quanto mais baixa a renda, maior o uso deste tipo de tecnologia. Em 2006 o acesso discado era predominante com uma presença em 49% dos domicílios, enquanto as conexões em banda larga representavam 40% do acesso domiciliar.
O número de internautas também cresceu seis pontos percentuais em relação a 2006, chegando a 34% em 2007. Os dados mostram que, pela primeira vez desde que o levantamento vem sendo realizado, mais da metade da população consultada já teve acesso ao computador. Um percentual de 53% dos entrevistados informou já ter usado um computador, sendo que 40% dos respondentes são considerados usuários, dado que informaram ter se utilizado do equipamento nos últimos três meses.
Também houve um crescimento de quatro pontos percentuais nas aquisições domiciliares de computadores, que em 2007 estavam presentes em 24% das residências brasileiras. O crescimento mais expressivo da aquisição de computadores ocorreu em domicílios com renda entre 3 e 5 salários mínimos, nos quais a penetração passou de 23% para 40% no período.
A proporção de domicílios com computador cresceu em todas as regiões de 2006 para 2007. Este aumento é maior nas regiões Centro-Oeste (de 19% em 2006 para 26% em 2007), Sul (de 25% para 31%) e Sudeste (24% para 30%). A proporção de domicílios com computador é menor nas regiões Norte (13%) e Nordeste (11%) e o crescimento do indicador nestas regiões também foi menor, ficando em 3 e 2 pontos percentuais, respectivamente.
Esses números mostram claramente o impacto do Programa Computador para Todos do Governo Federal que reduziu a carga de impostos para possibilitar que a Classe C pudesse adquirir esse equipamento a custos menores. Os resultados dessa iniciativa serão ainda maiores nos próximos anos com o crescimento expressivo da classe C, que hoje já constitui metade da população brasileira, e reúne a grande maioria dos professores das escolas públicas. O Programa Computador para Todos alavancou a venda de computadores no país, que é hoje o maior mercado da América Latina, e muitas empresas estão instalando novas fábricas no país.
As classes D e E não são o público-alvo dessa iniciativa porque os indivíduos que pertencem a estes segmentos não dispõem de renda suficiente para a aquisição de computadores, mesmo que a preços reduzidos. Para ampliar o acesso dessas classes sociais às tecnologias da informação e comunicação, temos incentivado o desenvolvimento dos centros públicos de acesso à Internet pagos ou gratuitos, sejam eles mantidos pelo Governo Federal, como por estados, municípios e Organizações Não-Governamentais.
Para contribuir com o esforço de inclusão digital no país, a Secretaria de Logística e Tecnologia (SLTI) da Informação do Ministério do Planejamento também desenvolveu o Projeto Computadores para Inclusão. Essa iniciativa está recuperando milhares de computadores e equipamentos periféricos descartados pelo Governo e pelo setor privado. O seu destino são iniciativas de inclusão digital, como telecentros, escolas e bibliotecas.
O projeto teve início em 2006, com a implantação de Centros de Recondicionamento de Computadores em Porto Alegre, Guarulhos e no Gama, na capital federal. Até fevereiro de 2008, os três centros já haviam recebido para recuperação 21.872 equipamentos entre computadores, monitores e impressoras, e doado 6.752 a 250 projetos de todo o país. Ainda em 2008 devem entrar em funcionamento os Centros de Belo Horizonte e de Niterói.
Apesar dos esforços empregados no sentido de universalizar o acesso à Internet, há um grande contingente da população brasileira que ainda não dispõe de infra-estrutura de conexão à rede. Um dos dados que mais chamam a atenção na TIC Domicílios 2007 é o expressivo crescimento no uso de centros públicos de acesso pago em todas as regiões do país. O percentual de utilização nesses espaços subiu de 30% em 2006 para 49% no ano seguinte, passando à frente do acesso em domicílios que se manteve estável em 40%.
Mesmo na região Centro-Oeste, onde se constatou um crescimento menos acentuado, mais da metade dos usuários informou usar lan-houses, Internet cafés, entre outros, para acessar a rede. A Região Norte apresentou o maior crescimento no uso desse tipo de local, 22 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Das pessoas que usaram a Internet nas Regiões Norte e Nordeste no último ano, 68% e 67% acessaram a rede em lan-houses. Esse número cai para 30% na Região Sul onde a renda média da população é maior e onde há maior cobertura de pontos de conexão à Internet por parte das operadoras de telefonia.
A pesquisa também mostra que quanto menor a renda da população, maior é a utilização das lan-houses. Dos usuários de Internet com renda até 1 salário mínimo, 78% declararam utilizar a rede através de centros públicos de acesso pago. Esse número cai para 67% para os que têm renda entre 1 e 2 salários mínimos; 55% para os que têm renda entre 2 e 3 salários mínimos; 42% para os com renda entre 3 e 5 salários mínimos; e é de apenas 30% para os usuários com renda superior a 5 salários mínimos.
Também é importante ressaltar que os centros públicos de acesso pagos são utilizados especialmente pelas pessoas com menor nível de escolaridade: 64% são estudantes de nível fundamental, 53% são de nível médio e 54% daqueles que completaram até a educação infantil freqüentaram lan-houses em 2007. Entre os usuários com ensino superior esse percentual cai para 27%. Esses dados permitem concluir que as lan-houses, o principal mecanismo de acesso à Internet para as classes E, D e C, suprem as necessidades de conexão para a população menos favorecida economicamente, que não é sensível a um incentivo financeiro porque não tem renda suficiente para adquirir um computador. Isso se justifica pelo baixo custo do período de acesso à Internet em comparação à aquisição de um computador.
O papel desempenhado pelos centros públicos de acesso pago, especialmente nas Regiões Norte e Nordeste do país, por outro lado, também reflete a ausência de infra-estrutura de banda larga nessas regiões, onde vive a população de menor poder aquisitivo. O mapa da disposição da banda larga no Brasil mostra claramente que as Regiões Norte e Nordeste, cobertas pelo serviço da Oi/Telemar e onde vive a população de mais baixa renda no país, é também a que dispõe de menor serviço de acesso à Internet e a menor oferta de acesso de banda larga ADSL. Então, os centros públicos de acesso pago desempenham um papel importante ao levar a Internet às pessoas que não têm renda para adquirir um computador.
Atento à necessidade de ampliar a situação de conectividade no país, o Governo Federal acordou recentemente com operadoras de telefonia fixa a troca dos postos de serviço telefônico pela ampliação da infra-estrutura de banda larga. Medida que vai ter uma repercussão significativa inclusive na ampliação do número de lan-houses, sobretudo em cidades do interior do Brasil, onde esses espaços são os principais mecanismos de acesso para a população.
Se por um lado, a ausência do computador em casa não impede o uso das Tecnologias da Informação, também é evidente que a disponibilidade do computador no domicílio pode influenciar a freqüência e a intensidade de seu uso. Em função disso, o Programa Computador para Todos desempenha um papel essencial, mas também defendemos a necessidade, a exemplo do que o Governo Lula vem fazendo, da implantação de políticas públicas voltadas para melhoria da renda e da educação das pessoas. Essa é a maneira mais eficiente de ampliarmos a inclusão digital no país.
Esse é o propósito do Programa Banda Larga nas Escolas, lançado pelo presidente no dia 8 de abril de 2008, que vai revolucionar a educação e o processo de aprendizagem no Brasil e mudar radicalmente o quadro de acesso às TIC, especialmente se levarmos em consideração que a maioria dos internautas brasileiros tem idades entre 10 e 24 anos.
Essa iniciativa vai possibilitar que todos os alunos das escolas públicas do ensino fundamental e médio situadas na área urbana das cinco regiões do Brasil tenham acesso à Internet banda larga até o final de 2010. Isso representa uma cobertura de 83% dos alunos de escolas públicas matriculados em mais de 56 mil escolas da rede urbana do país pelos próximos 17 anos, conforme acordado com o Governo Federal pelas operadoras de telefonia fixa.
A meta é que 40% das escolas públicas de educação básica previstas pelo programa tenham laboratórios de informática com Internet banda larga ainda em 2008. No ano seguinte, mais 40% das escolas serão beneficiadas e, em 2010, serão atendidas as 20% restantes. O serviço vai beneficiar 37,1 milhões de estudantes quando estiver plenamente implantado.
Inicialmente será oferecida uma velocidade de 1 megabit e chegaremos em 2010 com uma velocidade de 2 megabits. Hoje, dos domicílios que têm acesso à Internet no Brasil, a maioria deles, 45%, dispõe de Internet com uma velocidade de apenas 128 kbps. Dos domicílios que têm acesso à Internet banda larga, 53% dispõe de uma conexão com uma velocidade de até 600 kbps. Apenas 19% têm velocidades superiores a isso.
Das 142 mil escolas brasileiras, apenas 8% dispõe de Internet com velocidade superior a 512 Kbps. É para mudar essa realidade que criamos o Programa Banda Larga nas Escolas, com o esforço conjunto de diversos ministérios e órgãos do Governo Federal, em parceria com as operadoras de telefonia fixa. Entre eles: a Presidência da República, Casa Civil, Secretaria de Comunicação (Secom), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os Ministérios da Educação, das Comunicações, Planejamento e Ciência e Tecnologia.
Acreditamos, portanto, que essa iniciativa vai elevar as condições de conectividade das escolas brasileiras aos patamares dos países mais desenvolvidos do mundo. Dados de 2006 mostram que 95% das escolas públicas da Dinamarca e dos Estados Unidos têm acesso à Internet banda larga. Esse número é de 89% na Suécia, 81% na Espanha e de 75% no Reino Unido e na França.
Mas além de revolucionar o ensino no país, ao permitir que nossas crianças e adolescentes estejam familiarizados às novas tecnologias da informação desde o início de sua vida estudantil, também será possível massificar a banda larga e permitir que os cidadãos de todas as classes sociais tenham acesso à Internet. Esse esforço não está desvinculado da ampla capacitação aos professores no âmbito do Proinfo e do Plano de Desenvolvimento da Educação.
O Programa Banda Larga nas Escolas vai elevar os níveis educacionais dos nossos alunos e colaborar também para a redução da pobreza e o conseqüente crescimento da classe média. Essa iniciativa vai permitir, sobretudo, que possamos compartilhar o conhecimento desenvolvido nas grandes metrópoles com os municípios do interior do Brasil. Esse esforço significativo para levar a Banda Larga a todas as escolas públicas até o final da gestão do Presidente Lula contribuirá, decisivamente, para a redução das desigualdades sociais, para a consolidação do processo democrático e para o desenvolvimento país. * Rogério Santanna dos Santos é Secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento e membro do conselho do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
Rogério Santanna dos Santos

domingo, 27 de julho de 2008

A HISTÓRIA DO COMPUTADOR

Computador, como definido pelo Dicionário Brasileiro Globo, é "Aquele que faz contas".Na verdade, hoje em dia, as operações que podem ser realizadas por um computador vãobem além das contas "triviais" que marcaram o seu início, e que motivaram a sua construção.

Historicamente, o primeiro artefato humano utilizado para realizar contas foi o ábaco.A sua origem remonta a Ásia Menor, 500 anos atrás.Existiram várias formas de ábacos, idealizados pelas várias culturas em que foram usados/criados.No entanto, o seu uso sofreu franca diminuição, sobretudo na Europa, a partir da consolidação do uso do papel e da caneta.

Seguindo a linha histórica, e lidando com "engenhocas" mais sofisticadas, é criada por Pascal,em 1642, a primeira máquina de calcular de que se tem notícia.Ela funcionava através de engrenagens mecânicas, e conseguia realizar somente a soma. No entanto, 52 anos depois, Leibniz aprimora o invento de Pascal, de tal forma que a nova "calculadora" mecânica já era capaz de realizar a multiplicação, além da soma.

Apesar disso, é somente a partir de 1820 que as máquinas decalcular mecânicas começam a ser amplamente utilizadas.Já nesta época, Charles de Colmar inventa uma nova calculadora, que consegue realizar todas as quatro operaçõesaritméticas básicas: soma, subtração, divisão e multiplicação.E este era o estágio em que se estava até a I Guerra Mundial,na era da computação mecânica.

Mas o início real do desenvolvimento dos computadores como os conhecemos hoje se deve a Charles Babbage, matemático inglês que, em 1812, percebe uma "harmonia natural entre máquinas e matemática". Não se deve perder de vista que Babbage vivia no contexto da Revolução Industrial inglesa, que estava mudando radicalmentea forma de ver, pensar e agir da sociedade européia da época. Segundo observou Babbage,as operações matemáticas repetitivas poderiam ser desenvolvidas com mais agilidade e confiabilidade pelas máquinas do que pelos homens.Estimulado por isso, ele idealizou uma máquina à vapor, que seria capaz de realizar cálculosmatemáticos mais complexos do que as quatro operações aritméticas básicas. Esta máquina, maior do que uma locomotiva, nunca foi construída na prática, mas as idéias do seu idealizador foram fundamentais paraos progressivos avanços na computação mecânica.

Em 1889, Herman Hollerith, inventor americano, e fundador da empresa que deu origem à IBM, estava às voltas com um problema norte-americano: estava sendo realizadoum censo demográfico no país, mas se temia pela quantidade de tempo necessário para apurartodos os resultados desejados. Para piorar o caso, no censo realizado 10 anos antes, foramnecessários sete anos para se chegar aos reultados buscados. Por conta disso, acreditava-se que,para este novo censo, seriam necessários 10 anos de análise.

No entanto, com a máquina inventada por Hollerith, o resultado do censo foi apurado emapenas seis semanas. Além da agilidade que conferiu ao processo, a máquina deste americanotrazia consigo a idéia de cartões perfurados para amazenar dados. Ou seja, os cartões perfuradosseriam naquela época algo parecido ao que são agora os disquetes (guardadas as devidas proporções).

Mas um problema que estes computadores mecânicos apresentavam, é que as suas engrenagens eram muito numerosas e complexas. Por conta disso, em 1903,é proposto um computador 100% eletrônico, e que utilizava a álgebra booleana. A álgebra booleana é a famosa álgebra binária, do verdadeiro ou falso, do 0 ou 1, e é a base de todos os sistemas computacionais de hoje em dia.

Mas foi a partir da II Guerra Mundial que o desenvolvimento dos computadores eletrônicos ganhou mais força, quando os governos perceberam o potencial estratégico que estas máquinas ofereciam. Assim, os alemães desenvolveram o Z3, computador capaz de projetar aviões e mísseis.Pelo lado britânico, foi desenvolvido o Colossus,utilizado para a decodificação das mensagens alemães.

Com o fim da guerra, e o início da Guerra Fria, a corrida pelo desenvolvimento de novos e maispoderosos computadores só aumentou. Um marco neste desenvolvimento foi a construção do ENIAC.Ele era tão grande, que consumia energia equivalente a um bairro inteiro da cidade da Filadéfia. A importância do ENIAC é que ele, diferentemente de todos os computadores que foram desenvolvidos anteriormente, não era destinado a uma operação específica (projetar aviões/mísseis, ou decodificar códigos), mas poderia ser usado de maneira geral, parecido com o que fazem os computadores hoje.
Em meados dos anos 40, John von Neumann, juntamente com a equipe da Universidade da Pensilvânia, propõe a arquitetura de computadores, que marcaria (e alavancaria) o desenvolvimentodestas máquinas até os dias de hoje. Esta arquitetura era formada por uma unidade que centralizaria o processamento da máquina (a CPU), e por uma outra que armazenaria os programas (as funções a serem realizadas), que era a unidade de memória.

Com o tempo, os componentes do computador foram mudados das dispendiosas válvulas, para os mais baratos, econômicos e "miniaturizáveis" transistores. Com isso, os computadores puderam diminuir de tamanho, e consumir menos energia. Isto os tornava mais acessível, física e economicamente, para outras pessoas e instituições.

Além disso, para fazer com que a máquina executasse as funções que se desejava, era necessário que isto "fosse informado a elas". Da mesma forma como uma pessoa se comunica com outra através de alguma linguagem (oral, escrita ou gestual) que ambas dominam, era necessário que o programador "se comunicasse com a máquina" através de uma linguagem que os dois "entendessem". Nos primeiros computadores, esta linguagem era demasiadamente complicadapara os seres humanos. No entanto, com o tempo, as liguagens foram se tornando mais claras para os homens, o que motivava a utilização do computador por mais gente.

O último marco nesta evolução, para chegarmos aos computadores como conhecemos hoje, foi a invençãodos sistemas operacionais, dos quais o Windows é um exemplo. Estes sistemas permitem que vários programasestejam rodando ao mesmo tempo, conferindo grande flexibilidade ao uso do computador.

Por conta disso tudo, os computadores começaram a se tornar mais baratos, mais "amigáveis" e mais "úteis" às pessoas comuns. Por isso, sobretudo a partir da década de 80, os computadores começaram a se popularizar, e hoje são realidade para milhões de pessoas no mundo inteiro.

O fantástico mundo virtual da internet

A Internet é hoje uma fortíssima ferramenta de propaganda, marketing e venda de produtos e serviços. A cada ano, o número de usuários e de negócios concluídos através da rede quebram novos recordes. Além disso, a Internet é uma mídia que garante interatividade entre o cliente e a empresa, através do próprio site e do e-mail. O desenvolvimento de um site profissional para sua empresa na atualidade é portanto crucial. Se a sua empresa não esta ainda na Internet, certamente está desperdiçando um fantástico veículo de pesquisa, comunicação e vendas.
A Internet tem revolucionado o mundo dos computadores e das comunicações como nenhuma invenção foi capaz de fazer antes. A invenção do telégrafo, telefone, rádio e computador prepararam o terreno para esta nunca antes havida integração de capacidades. A Internet é, de uma vez e ao mesmo tempo, um mecanismo de disseminação da informação e divulgação mundial e um meio para colaboração e interação entre indivíduos e seus computadores, independentemente de suas localizações geográficas.

A Internet representa um dos mais bem sucedidos exemplos dos benefícios da manutenção do investimento e do compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento de uma infra-estrutura para a informação. Começando com as primeiras pesquisas em trocas de pacotes, o governo, a indústria e o meio acadêmico tem sido parceiros na evolução e uso desta excitante nova tecnologia. Hoje, temos: http://www.nomedeempresa.com/ (ou http://www.nomedeempresa.com.br/, no caso do Brasil) são usados diariamente por milhões de pessoas.

Nesta análise, muitos de nós envolvidos com o desenvolvimento e a evolução da Internet dão suas visões sobre as origens e a história da Internet. A história envolve quatro aspectos distintos:
  • A evolução tecnológica que começou com as primeiras pesquisas sobre trocas de pacotes e a ARPANET e suas tecnologias, e onde pesquisa atual continua a expandir os horizontes da infra-estrutura em várias dimensões como escala, desempenho e funcionalidade de mais alto nível;
  • Os aspectos operacionais e gerenciais de uma infra-estrutura operacional complexa e global;
  • O aspecto social que resultou numa larga comunidade de internautas trabalhando juntos para criar e evoluir com a tecnologia;
  • E o aspecto de comercialização que resulta numa transição extremamente efetiva da pesquisa numa infra-estrutura de informação disponível e utilizável.

A Internet hoje é uma larga infra-estrutura de informação, o protótipo inicial do que é frequentemente chamado a Infra-Estrutura Global ou Galáxica da Informação. A internet é complexa e envolve muitos aspectos - tecnológicos, organizacionais e comunitários. E sua influência atinge não somente os campos técnicos das comunicações via computadores mas toda a sociedade, na medida em que usamos cada vez mais ferramentas online para fazer comércio eletrônico, adquirir informação e operar em comunidade.

http://aa-cienciasdacomputacao.wikidot.com/internet